"Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu." Hebreus 5.8
Talvez uma das maiores dificuldades dos cristãos do primeiro século era conseguir acreditar que Jesus era homem e ao mesmo tempo Deus. Com todas as coisas que passou, com tudo que viveu, diante de tantas vivências naturais daquela cultura, humanidade e realidade, olhar para Jesus naqueles dias e reconhecer que ele também era o Deus encarnado, o Filho eterno do Deus vivo, o Salvador da humanidade, poderia ser uma das maiores dificuldades, tanto que o crucificaram.
Nos dias de hoje a dificuldade é a mesma, entretanto de modo inverso, ou seja, conseguir acreditar que Jesus além de Deus é também homem como nós, sabe exatamente o que passamos, sentimos, e vivemos com as mesmas proporções: "Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado." Hebreus 4:15.
Diante deste simples fato a questão natural que nos salta à mente após ler este versículo (e logicamente analisando cautelosamente o contexto) é: O que de fato Jesus aprendeu? Pode parecer simples para alguns responder: Ora, aprendeu a obediência. E então, onde se posiciona a grande questão? No simples fato de que todo aprendizado de obediência, e neste contexto é o ensino de um Pai para um Filho, tem um propósito muito maior do que agente imagina, pela limitação de que o Filho (em geral) sabe menos que o Pai, logo, deve confiar que o Pai possui uma vontade (livre volição inteligente e de infinita sabedoria) que é boa, perfeita e que no final de tudo, é para nos trazer alegria (Rm. 12.2).
Assim, podemos dizer que nesta simples porção da escritura sagrada temos uma profunda revelação de um chamado divino e paterno de propósito multiplicador de todos os demais chamados, ou seja, de todos os irmãos de Jesus (Hb. 2.11). Logo, o aprendizado parece ser:
v6 - Como também diz, noutro lugar: Tu és sacerdote eternamente, Segundo a ordem de Melquisedeque. Isto é, reconhecimento da existência do propósito eterno de Deus para a vida.
v7 - O qual, nos dias da sua carne, oferecendo, com grande clamor e lágrimas, orações e súplicas ao que o podia livrar da morte, foi ouvido quanto ao que temia. Isto é, certeza de amparo frente ao temor da desistência da missão.
v8 - Ainda que era Filho, aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu. Isto é, ter consciência de filho e consciência de que obediência = padacimento (inclui-se a possibilidade de morrer). Assim como Jesus é a própria semente divina enviada a nós, nós também recebemos a semente divina (1 Jo. 3.9) a fim de que recebamos a cada dia fortalecimento (Hb. 5:12-14) de consciência, de que não somos daqui. Obediência aos pais terremos é temporária, ao Pai eterno é para sempre (Hb. 12.9)
v9 - E, sendo ele consumado, veio a ser a causa da eterna salvação para todos os que lhe obedecem. Isto é, recompensa eterna pela obediência.
v10 - Chamado por Deus sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque. Isto é, confirmar a honra ao que lhe chamou.
Respondendo a pergunta inicial deste simples artigo, o que Jesus aprendeu? Aprendeu que para consumar sua missão, era necessário se encarnar e levar a cabo sua vocação até o fim, levada às últimas consequências, inclusive a morte.
Seu desejo de aprender de Deus Pai e consequentemente de obedecê-lo, está incluso o cálculo de você um dia ter que morrer por ele ou sua vida vale mais do que a honra de obedecê-lo?
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