12 dezembro, 2013

Carta à um "Profeta"

Estes dias recebi uma ligação de uma pessoa que se dizia ajudadora das causas difíceis. Apesar de não conhecê-lo (só falei com ele duas vezes na vida), resolvi permanecer na ligação para ouví-lo, foi bem interessante a conversa.

Em primeiro lugar, eu fiquei assustado com a forma que foi abordado o problema em questão, pois em poucos minutos, a voz que era doce se tornou forte, aguda e mais interessada em defender uma utopia sacramentalista das superstições religiosas, já resolvida após a reforma protestante, que apesar de já ter um bom tempo de história (quase quinhentos anos), deveria ser o suficiente para ter adquirido o conhecimento necessário para não beber de fontes contaminadas, em vez disso, foi dado lugar à inflexibilidade e rigidez em nome de uma "falsa verdade".

Não havia um texto sequer das sagradas escrituras sagradas que fosse citado, que não recebesse a resposta pré-formatada e sacralizada da prosperidade neo-pentecostal: "Isto é legalismo", ou "isto é questão soberana Divina"! Interessante eu achei estas defesas, as quais precisaram ser defendidas através de acusações, logicamente porque não havia defesas de fato, apenas um medo de perder a batalha da convicção, ou melhor, a convicção da fortalecida auto-estima dos estigmas supersticiosos da vida pós-moderna e emocional na religiosidade aparente.

Interessante foi observar que não havia nenhuma justificativa para convencer a pessoa de que seus argumentos não passavam de justificativas, logo, o diálogo foi travado num redemoinho sem saída, arrancando as fracas grades de proteções que o vendaval arrastava desta "razão de fé cristã".

Primeiro porque o julgamento foi uma tristeza para Salomão e todos os seus discípulos, que tem grandes possibilidades de ter assistido a peça teatral (Hb. 11.40; 12.1), pois o mesmo foi feito baseado na apresentação de apenas uma das partes do problema, logo, me lembrei do caso daquela mãe que preferiu entregar seu filho à falsa mãe, quando Salomão decidiu cortar a criança ao meio e dar uma metade do filho para cada mãe, para ver se as duas ficariam satisfeitas.

Em segundo lugar, para minha surpresa e conclusão deste pequeno e simples artigo, a conversa terminou não com um pedido de apelo, mas sim com uma reivindicação, a qual eu achei muito interessante, pois ainda não havia lido nas escrituras sagradas. Se você encontrar, compartilhe, é do interesse de muitos!

Se não me falhe a memória, quando lemos um pouco sobre a vida dos profetas de Deus nas escrituras sagradas, vemos que a maioria está correndo de problemas causados por suas duras mensagens vindas da parte de Deus. Até hoje eu não conheci um profeta verdadeiro, que se tornou profeta porque teve este sonho: Ser um profeta de Deus na terra (talvez com exceção de Eliseu). Com certeza a resposta que seria bradada dos céus para tal pessoa seria: Dura coisa pediste!

Há de se lembrar que o querido profeta Jeremias só ficou vivo por imensa graça de Deus, em detrimento dos maus tratos que recebeu dos falsos profetas que recebiam suas mensagens. Aliás, diga-se de passagem que ele fez de tudo para não receber esta incumbência (até se desculpou de ser uma criança), a qual é mais dura de que se pode imaginar. Lembro-me também do profeta Elias que chegou até pedir a própria morte à Deus, para dar fim ao seu sofrimento! O grande apóstolo do amor, também possuidor do dom da profecia (Ap. 10.11), apóstolo João, quando inicia a carta do apocalipse, no primeiro capítulo e no primeiro versículo, ele faz questão de deixar claro quem ele era: servo! No versículo nove do mesmo capítulo, ele enfatiza que é apenas irmão e companheiro.

Infelizmente, nos dias de hoje, encontramos com pessoas assim, com síndrome do achômetro, pensando que para suas palavras receberem validade de verdade, basta simplesmente declarar: "Eu sou profeta de Deus !"

Se você encontrar nas escrituras sagradas algum profeta de Deus que se auto declarou ser profeta, por favor nos comunique, pois o único que emcontrei foi este:

"E ele lhe disse: Também eu sou profeta como tu, e um anjo me falou por ordem do Senhor, dizendo: Faze-o voltar contigo à tua casa, para que coma pão e beba água (porém mentiu-lhe)." 1 Reis 13:18 (para entender o contexto, leia todo o capítulo e você saberá a diferença entre Profeta e "Profeta").


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